quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sem Título [1]

   A loira ainda olhava calmamente para a janela de seu quarto, observando os pingos de chuva baterem delicadamente contra o vidro. Sorriu com seus pensamentos que, por mais que estejam confusos naquele momento, ainda transmitiam uma sensação boa, faziam-a reviver momentos bons. Porém, por fazer-lhe relembrar tudo, também machucavam um pouco seu coração, ela sabia que de alguma forma nunca teria tudo aquilo novamente, ela nunca mais viveria tudo aquilo de novo.
   Deixou uma lágrima tímida rolar por sua face, salgando seus lábios. Era doloroso saber disso, que nunca mais teria nada de volta, que sua antiga vida tinha acabado. Desviou a atenção para a porta do quarto assim que percebeu a presença de outra pessoa no cômodo. O garoto tinha a sua idade, os cabelos negros levemente bagunçados e molhados, exibia um sorriso tímido e acolhedor. Automaticamente ela retribuiu o sorriso e secou o caminho da lágrima com a costa da mão.
   - Você estava chorando de novo? - Ele perguntou, com a voz protetora, se sentando ao lado dela na cama, e pousando a cabeça em seu colo. Eram melhores amigos, se conheciam antes mesmo de conhecerem a si próprios, por tanto, tal ato não tinha malícia para os dois.
   - Você não parece estar surpreso - Foi tudo que ela conseguiu responder, a voz rouca entregava que estava se controlado para não chorar. Mesmo assim, seu orgulho não a deixava mais derramar nenhuma lágrima. Por mais que esteja na companhia de seu melhor amigo, ela se recusava a chorar novamente.
   - Estava chorando por causa dele? - Perguntou, preocupado.
   - Isso é uma novidade para você? - Ela suspirou, dando-se por vencida. Pousou sua mão no cabelo molhado do garoto, e afastou-o do olho, para poder vê-lo melhor - Eu não consigo. Você sabe disso, não sabe? Ele é... Eu não sei explicar, ele é simplesmente tudo o que eu preciso.
   - Isso não é saudável. Ele não te merece.
   - E você acha que eu não sei? - Desviou o olhar para a janela - Mas ele é a minha droga, ele é como o alcóol. Como se eu fosse uma ex-alcóolatra. Por mais que eu esteja vivendo a minha vida, falta algo, e eu sei o que falta, falta a quentura do alcóol queimando a minha garganta, dando uma sensação de prazer que só a bebia pode nos proporcionar. Ele é o meu alcóol. E eu preciso dele.
   - Para - O garoto a interrompeu, tentando segurar as lágrimas - Por favor, para. Você... Você ainda não percebeu? Droga! - Exclamou, e se levantou-se para olhar mais claramente para a loira - Você ainda não conseguiu entender que... Você ainda não... Droga, eu te amo! E eu sempre amei, mas você só quer saber dele, e por mais que ele seja um canalha que não merece o ar que respira, você o ama perdidamente. Eu sei quantas vezes ele te fez chorar, quantas vezes ele quebrou seu coração, e sabe porque eu sei de tudo? Porque fui eu que procurei e colei os caquinhos do seu coração, fui eu que sequei suas lágrimas e fui eu que te consolei. Você não percebe que ele não te merece? Que nesse tempo todo ele só esteve brincando com você? Garota, eu não te peço para me amar, uma pessoa não tem a capacidade de mandar no coração mas, por favor, não se machuque ainda mais. Você já deve saber, mas quando você se machuca eu também me machuco, é como se suas lágrimas fossem as minhas lágrimas.
   Ele se aproximou ainda mais dela, controlado pelo sentimento confuso em seu coração.
   - Você não usou o exemplo do alcóol? Então, você é a bebida na qual eu nunca experimentei, mas sei que estou viciado apenas por ver o líquido cristalino e puro dentro de uma garrafa de vidro delicada e cara. Eu não preciso provar dessa bebida para saber que é a melhor do mundo, basta olhar para você. Eu sou viciado em algo que eu nunca provei. Eu...
   Fez uma pausa, e aproveitou para se aproximar ainda mais da loira, que o olhava assustada, mas, ao mesmo tempo, admirada. Eles estavam próximos demais, a ponto de sentirem suas respirações se mesclarem. Não queriam sair dali, e, mesmo se quisessem, não conseguiriam.
   - Eu te amo - Ele sussurrou, antes de encostar seus lábios nos dela delicadamente. O beijo foi calmo, protetor, porém, ao mesmo tempo, algo ardente, como se eles precisassem daquilo. Eram melhores amigos, e nada do que aconteceu fazia sentido, mas eles simplesmente precisavam do veneno dos lábios um do outro. Era estranho pensar nisso, e mais entranho ainda era pensar que depois de tanto tempo alguma coisa ia mudar. Mas depois daquilo, nada mais precisou ser tido, eles tinham um ao outro. E aquilo era mais do que o suficiente, era mais do que eles achavam que mereciam. Era o tal do amor verdadeiro.

Yo, minna! Sim, eu sei que ficou non sense, e eu sei que falei que não ia mais postar nada envolvendo amor. Me desculpem por isso, mas a ideia veio do nada (nota: agora são 02:34am) e eu precisava escrever. Essa coisa do alcóol, eu tinha um texto bem antigo, e eu detalhava melhor essa parte, mas, mesmo assim, eu resolvi colocar porque eu achei fofo. Aliás, eu já usei essa comparação aqui no Blog? hm, não importa '-' comentem, me digam o que acharam e se vale a pena eu transformar esse textinho em uma Fanfic =)